quinta-feira, 31 de março de 2011

Em Lucas do Rio Verde, vitrine do agronegócio no Mato Grosso, até o leite materno está contaminado por agrotóxicos


POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS

 
Número 531 - 25 de março de 2011
Car@s Amig@s,

Uma nova pesquisa realizada na Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) revela mais um aberrante efeito do uso generalizado de agrotóxicos sobre a população das regiões de grande produção agrícola.

Em Lucas do Rio Verde, município situado a 350 km de Cuiabá, foram coletadas amostras de leite de 62 mulheres atendidas pelo programa de saúde da família. A coleta foi feita entre a 3ª e a 8ª semana após o parto.

Em 100% das amostras foi encontrado ao menos um tipo de agrotóxico. Em 85% dos casos foram encontrados entre 2 e 6 tipos. Entre as variáveis estudadas, ter tido aborto foi uma variável que se manteve associada à presença de três agrotóxicos.

A substância com maior incidência é conhecida como DDE, um derivado de outro agrotóxico, o DDT, proibido pelo Governo Federal em 1998 por provocar infertilidade no homem e abortos espontâneos nas mulheres.

O trabalho de pesquisa foi realizado pela mestranda em Saúde Coletiva da UFMT Danielly Palma, sob orientação do Prof. Wandeley Pignati.

Lucas do Rio Verde está entre os maiores produtores de grãos do Mato Grosso e entre os maiores produtores nacionais de milho “safrinha”, figurando como um dos principais pólos do agronegócio do estado e do país. Os defensores do modelo agroquímico que impera na região consideram o município como modelo de desenvolvimento.

             Mas a imagem da cidade começou a ser manchada quando, em março de 2006, a cidade foi banhada pelo herbicida Paraquate, usado na plantação de soja. O veneno, despejado de um avião agrícola, destruiu plantações, hortas e jardins. Atingiu também cursos d’água, casas e pessoas, provocando problemas de saúde e colocando em risco toda a população local.

Este caso específico acabou ganhando divulgação nacional graças ao trabalho de um repórter da Radiobrás (seu trabalho originou o livro: MACHADO, P. Um avião contorna o pé de jatobá e a nuvem de agrotóxico pousa na cidade - história da reportagem. Brasília: Anvisa, 2008. 264 p.). Mas infelizmente, não se tratou de um caso isolado: ao contrário, ano após anos, “acidentes” como esse se repetem nas muitas cidades onde o agronegócio prospera.

Depois deste caso, uma pesquisa feita em parceria pela a Fundação Oswaldo Cruz e a UFMT encontrou resíduos de agrotóxicos no sangue e na urina de moradores, em poços artesianos e amostras de ar e de água da chuva coletadas em escolas públicas dos municípios de Lucas do Rio Verde e Campo Verde (dois dos principais produtores de grãos do estado).

O monitoramento da água de poços revelou que 32% continham resíduos de agrotóxicos. Das amostras de água da chuva analisadas, mais de 40% estavam contaminadas com venenos.

Boa parte desta contaminação é proveniente da pulverização aérea de venenos que é praticada na região. Vários estudos demonstram que, na prática, apenas uma parte dos agrotóxicos aplicados sobre lavouras se deposita sobre as plantas. O resto escorre para o solo ou segue pelos ares para contaminar outras áreas. Segundo diversas pesquisas realizadas pela Embrapa Meio Ambiente, em média apenas metade do que é pulverizado atinge o alvo. A parte que se perde no solo ou é carregada pelo vento pode comumente ultrapassar 70% do produto aplicado.

Mas um dos aspectos mais lamentáveis de todo este drama é que, ao prestar este valioso serviço à sociedade, estudando e comprovando os efeitos danosos dos venenos agrícolas sobre as pessoas e o meio ambiente, os pesquisadores têm se tornado vítimas de ataques pessoais. Via de regra, quando são divulgados resultados de pesquisas como estes, demonstrando a contaminação da água, do sangue ou do leite materno, os defensores do modelo agroquímico de produção partem para o ataque à reputação dos cientistas e, comumente, lançam dúvidas levianas sobre os métodos e a qualidade das pesquisas. Mas, claro, nunca propõem contraprovas ou a repetição dos testes.

Um exemplo tocante deste fenômeno está publicado na seção de comentários do site 24 Horas News, um dos veículos que divulgou a notícia da contaminação do leite materno em Mato Grosso. Diz o internauta Josué:

Já estou providenciando a foto dessa "pesquisadora" da UFMT e vou espalhar aqui pelo Nortão todo, nos postes, com a frase: PROCURA-SE - RECOMPENSA DE R$ 10 MIL. Depois vamos dar uma coça nela com pé de soja seco, que ela nunca mais vai pesquisar nada aqui” (18/03/2011 13:13:00).
               
Em agosto de 2010 o professor da Universidade de Buenos Aires Andrés Carrasco foi agredido ao visitar região produtora de soja no país onde participaria de evento para apresentar os dados de sua pesquisa que mostraram os danos causados pelo herbicida glifosato. O estudo foi publicado na Chemical Research in toxicology.

É por essas e muitas outras que poucas pesquisas têm sido realizadas sobre este tema. Este é apenas um exemplo grosseiro das pressões que pesquisadores sofrem -- em muitos casos dentro de suas próprias instituições. É preciso muita coragem para cutucar o agronegócio com vara curta.

O que estas pesquisas estão mostrando é apenas a ponta do iceberg. Procurando, muito mais evidências dos efeitos nefastos do uso maciço de venenos agrícolas serão achadas.

FONTE: Site ASPTA, este Boletim é produzido pela AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia e é de livre reprodução e circulação, desde que citada a AS-PTA como fonte.

Agricultores deixam a Transamazônica

O protesto na rodovia Transamazônica, iniciado às 4h da manhã da última terça-feira, encerrou cerca de dez horas depois quando a superintendência do Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária (Incra), sediada em Santarém, informou que a superintendente Cleide Antônia de Souza irá discutir com os agricultores assuntos relacionados aos projetos de assentamento e à legalização de áreas localizadas na área de influência ou dentro dos limites do Parque Nacional da Amazônia, assunto já discutido com a gerente do parque, Maria Lúcia, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, em função do Projeto de Lei que propõe a demarcação da unidade de conservação, agora com novos limites.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jacareacanga, Elias Lucas dos Santos, os resultados da manifestação foram otimistas e eles aguardam a solução de parte das questões que motivaram a pauta de reivindicações no espaço de dois meses. Depois que a superintendente do Incra apresentou documentos que comprovaram a insistência pela reativação do escritório do Incra em Itaituba, eles concordaram em suspender a manifestação.
Os agricultores consideram que conseguiram alcançar, pelo menos, 80% das metas estabelecidas. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater- PA) esclareceu ontem que o Escritório Regional do Tapajós já está sendo estruturado. A presidente da empresa, Cleide Amorim, assegura que em um prazo máximo de 30 dias o regional, localizado em Itaituba, já estará em funcionamento. O protesto foi organizado pelos sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Itaituba, Jacareacanga e Trairão. Os agricultores usaram pedaços de madeira, pneus e alguns carros para interditar a rodovia, no distrito de Miritituba, em Itaituba. (Diário do Pará).
FONTE: Site do Jornal Diário do Pará.
IMAGEM Extraída da Internet site Wikipédia

quarta-feira, 30 de março de 2011

XINGU VIVO PARA SEMPRE !!!

Material recebido por e-mail do Sociólogo Jorge Augusto Macedo - EMATER-PARÁ




Ver Mais no site Xingu Vivo para sempre

Desmatamento na Amazônia atingiu 63 km² em fevereiro



Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Amazônia perdeu 63 quilômetros quadrados (km²) de floresta em fevereiro, de acordo com os números do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), divulgados hoje (23) pela organização não governamental Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Na comparação com fevereiro de 2010, quando os satélites registraram 87 km², houve redução de 28% no ritmo da devastação.
No entanto, por causa da cobertura de nuvens, os dados podem estar subestimados. Em fevereiro, foi possível observar apenas 12% da Amazônia Legal. Em estados como Pará, Amazonas e Mato Grosso, as nuvens cobriram 90% do território.
Rondônia foi o estado que mais desmatou a Amazônia em fevereiro, com 36 km² de floresta a menos (56% do total derrubado no período). No Pará, os satélites registraram 19 km² de novos desmates, em Mato Grosso, 7km² e em Roraima, 2km².
Além do corte raso (desmatamento total), o levantamento do Imazon também mede a degradação florestal, que considera florestas intensamente exploradas por atividade madeireira ou atingidas por queimadas. Em fevereiro, a degradação avançou 113 km², área 14% maior que a registrada no mesmo mês de 2010, de 99 km². O estado com maior área degradada no período foi Rondônia, com quase 74% do total registrado.
O Imazon estima que o desmatamento em fevereiro provocou a emissão de 4,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) equivalente – medida que considera todos os gases de efeito estufa.
O monitoramento oficial do desmatamento da Amazônia é feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No período crítico de chuvas na região, que vai de dezembro a março, o instituto não divulga relatórios mensais.
Edição: João Carlos Rodrigues
FONTE: Site Agência Brasil
FOTO: Extraída da Internet

Municípios paraenses formam consórcio para reduzir desmatamento


Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Quatro municípios paraenses do entorno da Rodovia Transamazônica firmam hoje (29) protocolo de intenções para criar um consórcio e tentar estimular uma economia de base sustentável na região, um dos focos de desmatamento no estado. A iniciativa vai reunir as prefeituras de Anapu, Senador Porfírio, Brasil Novo e Altamira, as duas últimas incluídas na lista de municípios que mais desmataram a Amazônia.

Os governos municipais querem criar um novo modelo de desenvolvimento para a economia da região, que já passou pela exploração predatória de madeira e hoje é baseada na agricultura de baixa produtividade. Para substituir o atual modelo, os municípios buscarão recursos para investimentos em atividades como o manejo florestal, a redução do uso de fogo para abrir novas áreas e o reaproveitamento de pastagens degradadas.

O assistente do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Galdino Xavier, acredita que a formação de um consórcio pode fortalecer as gestões municipais, que sozinhas não têm infraestrutura nem recursos para viabilizar a mudança para uma trajetória mais sustentável. “O consórcio poderá ser um captador de recursos do governo e de organismos internacionais que trabalham com projetos para diminuir a pressão sobre as florestas”.

Além disso, segundo Xavier, a região é homogênea e os municípios têm desafios semelhantes para conter o desmatamento, o que aumenta a viabilidade de projetos em conjunto. “A intenção do consórcio é essa, fortalecer os projetos. Temos visto que algumas regiões do Brasil resolveram ou amenizaram problemas de caráter socioambiental por meio da formação de consórcios públicos”, compara.

Os quatro municípios do consórcio também estão na lista das cidades que assinaram acordo com o Ministério Público Federal no Pará para tentar zerar o desmamento ilegal no estado. Na última semana, 75 municípios se comprometeram a combater o desmatamento em troca de facilidades e da ampliação de prazo para a regularização ambiental dos produtores rurais.

O acordo do MPF também inclui cerca de 80 empresas – entre elas grandes frigoríficos –  que passarão a negociar exclusivamente com produtores rurais das cidades que assinaram o pacto ou que estiverem em algum estágio de regularização ambiental.

Edição: Graça Adjuto
FONTE: Site Agência Brasil

terça-feira, 29 de março de 2011

Cooperativa de Benevides inaugura sede própria


A Cooperativa Agropecuária Mista de Benevides (Coopaben), primeira cooperativa de agricultura familiar desse município localizado na região metropolitana de Belém, inaugurou sua sede própria na sexta-feira (28). A Coopaben foi constituída em 2008, com o apoio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater).
A área de 6 mil m² representou um investimento de R$ 100 mil. Parte da propriedade é repleta de árvores nativas e pode servir de espaço para a instalação de hortas comunitárias e unidades demonstrativas (uds) e de observação (uos) da Emater.
Além de cooperados e extensionistas da Emater, estiveram presentes na solenidade de inauguração representantes de instituições parceiras - como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Banco do Brasil (BB) -, agricultores familiares da região e autoridades políticas, como os prefeitos de Benevides, Edimauro Farias, e de Santa Bárbara, Ciro Góes.
De acordo com o agricultor Moacir Miranda, presidente da Coopaben, para quem compor a cooperativa  "já foi uma missão extremante árdua, no meio da qual pensamos em desistir várias vezes, de tantas dificuldades burocráticas e financeiras", inaugurar uma sede própria é uma conquista imensa: "Ter nosso lugar nos traz solidez, organização, respeito e identificação", resume.
Hoje, a Coopaben possui 21 cooperados e também compra a produção de outras 400 famílias. Além de promover venda direta e de abastecer feiras de Benevides e feiras estaduais de produtos orgânicos, a  Coopaben participa do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), fornecendo alimentos (hortaliças, frutas, farinha etc) para colégios públicos de Benevides e Santa Bárbara. Em 2010, o contrato com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesse sentido foi de R$ 89 mil. Este ano, o valor subiu para mais de R$ 200 mil. São beneficiados mais de 20 mil estudantes.
Segundo o chefe do escritório da Emater em Benevides, o engenheiro agrônomo Edowardo Shimpo, a história de sucesso da Coopaben "interessa a todos, porque a comida de qualquer brasileiro depende do que está sendo cultivado no campo". Ele lembra dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que indicam que 70% dos alimentos consumidos no Brasil são produzidos pelos pequenos agricultores.
"Apesar de parecer um assunto distante para quem almoça todo dia lá no centro de Belém, uma agricultura que funcione é fundamental para a dinâmica da sociedade urbana, porque é da terra que saem as matérias-primas, os alimentos, por isso todos devemos comemorar quando uma cooperativa agrícola, principalmente da região metropolitana, consegue dar certo", diz. Ele alerta que "na atual conjuntura, o agricultor familiar que tenta prosperar sozinho acaba engolido pelo mercado, acaba não sobrevivendo comercialmente".
O coordenador técnico da Emater, o engenheiro agrônomo Paulo Lobato, afirma que "o cooperativismo é uma solução para um dos principais gargalos da agricultura familiar, que é a comercialização". Para ele, "produzir todo mundo produz, bem ou mal, com pouca ou muita tecnologia. O grande problema é a comercialização organizada, lucrativa, sustentável. Um ótimo canal aberto a partir das cooperativas são os programas públicos de comercialização, como o Pnae, e a Emater mantém firme o compromisso de fortalecer todas as cooperativas, de modo que haja oportunidade real para os agricultores", conclui.
O casal de imigrante japonês Elba e Kazuo Okada, ambos horticultores orgânicos cooperados, acredita que as conquistas de agora têm semente em décadas atrás, "porque nada acontece de repente, nenhum processo de ganhos é rápido e imediato; essa idéia de cooperativa surgiu há 30 anos, quando nós já percebíamos que atuar coletivamente era mais vantajoso do que trabalhar sozinho", conta Elba.
O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras no Pará (OCB-Pa), Ernandes Raiol, entende que "a integração do Pará se dará pelo cooperativismo, sim, e por outras formas de organização social. Mas deixamos claro que o agricultor tem que se profissionalizar cada vez mais, tem que aprender gestão de negócios, que é um trabalho contínuo, de todo dia. Porque o mercado não é mãe, nem pai, nem avô ; o mercado é letal: quem não dá aquilo que ele quer quebra", conceitua.
O prefeito de Benevides, Edimauro Farias, assinala que, no município, a prefeitura incentiva qualquer cooperativa: "Pode produzir, porque mercado tem". Ele inclusive sinalizou a possibilidade de assinatura de um convênio entre Coopaben e prefeitura, para aparelhamento da sede da Cooperativa.
Quem tiver interesse em conhecer melhor a história da Coopaben, e como ela vem funcionando, pode entrar em contato pelo telefone (91) 8711-4162 e e-mail coopaben@oi.com.br, ou mesmo visitar pessoalmente a sede, na Av. Martinho Monteiro, nº 1550, no distrito de Murinim.  O horário de expediente é 8h às 12h, de segunda a sexta.

Texto: Aline Miranda
Fotos: Flávia Niêndria
FONTE: SITE EMATER-PARÁ